quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um Estranho no Ninho

por - Eduardo "ESTRANHO" Pereira: Arquiteto Urbanista e Gestor Ambiental - 19/02/09 - SurfPE

Por um mero acaso, você já parou para pensar que nós dependemos do solo, do ar, da água e dos processos ecológicos para estabelecer uma relação segura com o meio em que vivemos?

Já lhe disseram que a qualidade ambiental interfere diretamente na sua saúde, no seu bem-estar, no lazer, nas cidades, nas indústrias, na agricultura e no trabalho?

Essa é mais fácil: você já soube que em Porto de Galinhas no litoral sul de Pernambuco, na praia considerada pela 3ª vez consecutiva como a mais bela do Brasil, um de nossos importantes patrimônios naturais, O MANGUE, está sendo agredido? Caso você não queira se indignar, garanto que vai ser melhor nem saber.

Destruição do mangue que liga Porto de Galinhas a Maracaípe - foto: gUgA sOaReS

Deveríamos ressaltar as problemáticas de nossa cidade, em pleno desenvolvimento urbano, através de faixas informativas. “Imagine” se na estrada que ligam as praias de Porto de Galinhas e Maracaípe, nos deparássemos com a seguinte informação:

“Atenção, trecho em obras - Estamos aterrando o mangue em prol do desenvolvimento urbano - Feliz 2009!”.

Destruição do mangue que liga Porto de Galinhas a Maracaípe - foto: gUgA sOaReS

Ainda mais interessante e verídico, é passar pela mesma estrada e se indignar com a sensação de revolta associada ao desespero de um ecossistema que luta para sobreviver.

Então, vamos nos atualizar. A construção civil é reconhecida como uma das mais importantes atividades para o desenvolvimento econômico e social e, por outro lado, comporta-se ainda, como grande geradora de impactos ambientais, quer seja pelo consumo dos recursos naturais, modificação da paisagem e pela geração de resíduos.

Antes que algum estranho sinta-se incomodado com tais informações, o Artigo 5º, LXXIII da Constituição Federal, concede a qualquer cidadão a legitimidade para propor ação popular que vise, dentre outros, anular ato lesivo ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural.

A incidência do aterro na referida área de mague é considerada impacto ambiental, portanto, CRIME com pena prevista em Lei. O impacto é considerado devido à ação humana a partir de atividades distintas com o objetivo de satisfazer as necessidades individuais ou coletivas da sociedade, causando modificações no meio ambiente.
Destruição do mangue que liga Porto de Galinhas a Maracaípe - foto: gUgA sOaReS


Devemos denunciar atos lesivos à vida, pois atitude moral é digna de respeito. Mas de qualquer maneira, a natureza não deixará de responder, da sua maneira, às agressões sofridas pela ação humana.

Saibamos então que o meio ambiente é um direito de todos, um patrimônio do povo, essencial à sadia qualidade de vida, e por isso, podemos exigir do Poder Público o dever de defendê-lo para as presentes e futuras gerações.

Destruição do mangue que liga Porto de Galinhas a Maracaípe - foto: gUgA sOaReS


E para vocês, estranhos ecossistemas sujeitos à degradação, saibam assumir o direito de repensar seus atos lesivos e promovam a educação, mesmo que esta seja ambiental. Reajam logo!!!

"NÃO ALIMENTEM O FIM"

2 comentários:

  1. Você, como sempre, lutando pela preservação dos mangues. Parabéns por mais essa iniciativa e principalmente, pela matéria muito bem escrita. Vaninha

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  2. Caro Gestor, muito bom o artigo. Não podemos alimentar o fim.

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